quarta-feira, 30 de abril de 2008

Só um detalhe!


Sempre tive curiosidade em saber o que às pessoas faziam depois do ônibus.Para onde elas iam.Já me imaginei diversas vezes como jornalista investigativa, daquelas que esperam só um toque no cabelo para formar o parágrafo.Tanta senhora já aflorou minha imaginação. Era incrível ver aquelas, que estão quase no fim da vida, olhar de forma carente para a primeira poltrona que visse e esperar que alguém oferecesse o lugar aos seus cabelos brancos.Penso como teria sido sua face na juventude. Que tipo de perfume ela gostava de usar. Por falar nisso, porque você me disse que perfume é a persuasão usada na sedução? Será que mesmo aquela velhinha com cheirinho de bebê queria atrair o olhar de alguém? Coitada, parece ter preparado muito cuscuz na vida. E agora estar abandonada pelos filhos que ela tanto fez com que tivesse um bom futuro. Mas esse sorriso que lhe escapa a boca, ao ouvir uma musica sertaneja, inutiliza toda a minha tese. E se ela for feliz por ser devota a Deus desde a mocidade? Ou se sempre foi bom pra ela ver seu amor chegar a casa, lhe olhar com cara de superioridade e dizer: vem mulher, não vou tomar banho. Bota minha colher com o feijão na mesa. Já vai anoitecer.Se for parar pra escrever cada pessoa com a sua respectiva particularidade que me roubou a atenção, eu escrevo meu livro. E o ambiente vai ser realmente o ônibus. Tentaria descrever o lugar que cada um demonstrava querer parar e viver um minuto de felicidade. Ou o que sonhariam em estar fazendo. A cama que esperavam encontrar para que não se sentissem ridicularizados, dormindo em meio a todos, acordando assuntados com medo de perder o destino rotineiro.


Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

Um certo jardim de inverno


Lá no jardim de inverno da minha casa,
Feio, triste jardim de inverno.
As plantas sentem calor.
O pior é que sempre quis ter um.
Mas se eu soubesse que tanta tristeza as plantas passavam, coitadas, nunca teria desejado tê-las.
Elas continuam vivendo ali, sozinhas.
Mas agora eu também estou sozinha
Não me sinto capacitada para fazer-lhes companhia,
Levar vida a essas tristes meninas.
O tempo vai passar e elas vão continuar ali, bem no canto da sala.
Olhando-me todos os dias quando acordo e passo com roupas desajeitadas.
Quando fico por horas sentada diante delas, descobrindo um mundo inimaginável para as coitadas.
Mundo um pouco impressionista. Sobre natureza morta ou algo socialista sobre a Revolução Russa.
O importante é que invariavelmente elas continuarão ali. Quase mortas.
Esperando o dia em que alguém lhes traga vida.
Se é que já não perderam as esperanças...
Diferente de mim, que quando penso que cheguei ao fim vejo-me revigorar e consigo continuar.

Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

Escolheste-me

Não te encantes comigo!Não beneficiarei em nada tua vida.À sua saúde, serei prejudicial.Exijo total exclusividade.Quando faço com que proves um pouco, sempre quero que vá até o fim – mesmo que ele não exista.Invado, descaradamente, teus pensamentos.Envolvo, compulsivamente, tuas mãos.Não será possível que faças análise sem que me inclua como motivo central da tua loucura.Minhas extensões são firmes.O medo que tinhas quando não me conhecias, agora será intensamente constante.Viverei essencialmente cada momento teu.Escolheste-me entre tantas!Mesmo que te avisassem que nada eu valia.Que estavas fazendo investimento banal, estudo inoportuno.Mas não me abandonaste.Falaram-te do estado de miséria que viverias até o fim da vida.Mas mesmo assim, não desististes de mim.Depois que experimentastes, tornastes dependente.Não há quem te impeça de ser jornalista.Mesmo que jamais publique o que escreves, não consegues parar.Sabes que não tem jeito.Agora és meu.Realmente, exerço fascínio!

Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

O excesso de vaidade tem seu preço


É impressionante o quanto a cada dia, mais mulheres estão em busca do corpo perfeito. E não só sou eu quem se surpreende. Cirurgiões plásticos também ficam admirados com o número crescente de pessoas que procuram as clínicas esteticistas. Que vão em busca do corpo perfeitamente esculturado. E para alcançar esse objetivo, submetem-se a cirurgias de prótese de silicone, de lipoaspiração. Mesmo sabendo que essas práticas não são totalmente seguras, o desejo de modificação do corpo prevalece.É importante que aqueles que pretendem fazer cirurgia reparadora fiquem cientes do risco que irão correr.Os jornais mostram constantemente incidentes ocorridos durante essas cirurgias. Incluindo óbitos, que podem ser causados por embolia pulmonar, queda de pressão arterial, parada cardíaca. E depois da operação a pessoa continua sujeita a morte, correndo o risco de sofrer ânsia e taquicardia, por exemplo.Juízas, dançarinas, gerentes comerciais, travestis, administradores já perderam a vida por exaltar a vaidade. Começam colocando prótese na mama e quando percebem já estão fazendo lipoaspiração a cada seis meses, na barriga, nas costas. E ainda existe quem afirme não estar ciente dos riscos dessas cirurgias plásticas.Injetar silicone líquido na face, na mama, nas pernas e em outras partes do corpo pode ser bastante perigoso.As pessoas devem se amar mais. Valorizar o olhar, o sorriso, o raciocínio, o intelecto. De que adianta ver-se desejada por todos? Olhar-se no espelho e encontrar o corpo perfeito, se não consegue ter uma conversa interessante por mais de dez minutos?As pessoas estão pagando um preço alto demais para se sentirem mais amadas, mais satisfeitas consigo.Essa vaidade demasiada está fazendo com que muitos percam a vida. Será que vale arriscar-se tanto para ficar do jeito que sabe que não será jamais possível: perfeito!Mulheres, a auto-estimas depende do que se tem, e não do que se pretende adquirir. Não é uma prótese a mais que mudará o seu valor!

Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

Casualmente


Certo dia, ia passando pela rua e vi um papel bem amassadinho na ponta da calçada. Ele me atraiu por ter uma cor forte. Nunca havia parado antes por causa de um papel na rua. Não sou daquelas pessoas que encontram dinheiro perdido no chão. Geralmente olho para frente. Mas neste dia eu estava cabisbaixa.Quando pequei o papel, pouco conservado, fiquei paralisada. Era algo que jamais havia prestado atenção. Deu uma dor no coração e ao mesmo tempo uma vontade de descobrir as coisas do mundo. As cidades. Os lagos. Andar a cavalo. Correr até a maré mais próxima. Não importava se eu ia fazer algo que já tinha vontade de repetir ou que sempre sonhei. O principal era viver!O papel tratava-se de uma foto, do estilo comparativo, feito antes e depois de uma pessoa. Era uma menina muito jovem, aparentemente sozinha. Mas que tinha seu encanto. Parece que existia o desejo de buscar a felicidade total do mundo. Mas do lado dessa foto havia outra dela numa cama de hospital. Quase morta. Embaixo a legenda: Sem coração não há vida. Doe órgãos!Pensei quanta gente jazida carregava consigo córneas, rins, medulas que poderiam salvar pessoas.Tantos poderiam dar continuidade à vida, mas não fazem isso. Será egoísmo ou pensamento conservador inútil? Depois que morremos ou a terra cobre nossa beleza, que tanto tentamos valorizar enquanto vivos, ou viramos cinza. Nada mais que isso. Aí termina nosso valor físico, concreto. Deixamos de trazer a alegria, reavivar pessoas. Será que conhecemos o verdadeiro sentido do amor?

Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

Inevitável pensamento

O tempo passa realmente rápido!Então, quero descobrir o que é bom enquanto há tempo.Continuar a reclamar, mas aproveitar mais os acontecimentos.Dirigir mais, cantar alto, me deixar descabelar, tirar mil fotos por dia. Mas tudo isso, se houver sorriso sem vergonha, sem vergonha de ser feio ou torto. Vou envelhecer. E então pensarei no que vivi. Será que vou ver o tempo escorrer pelos pés e me deixar com água na boca de quando podia ter curtido mais os momentos? Será que vou ter a mesma sensação de quando olho a minha mãe e penso: cansada, essa menina linda.Como eu queria ter visto seu corpo jovem desfilando pelas ruas da cidadezinha e ela a conversar com os conhecidos. Será que ousava ou se reservava? Do jeito que é, devia ser como minha irmã, amar viver. Mas e depois? Por que hoje não ver muitos motivos pra se valorizar? Perdeu o gosto por si?Eu não quero chegar na fase do “tanto faz”. Ter mais um amigo: “tanto faz”. Ir ao cinema: “tanto faz”. Escrever: para que? O que penso já, já passa. Isso é não quero, não aceito!Temos que aperfeiçoar nossos gostos. Explorarmos nossas qualidades. Não maquiar os defeitos, eles sempre vão existir. Mas exibi-los menos e descobrirmos mais qualidades. São elas que nos animam.


Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

"Hoje eu acordei pensando numa vida boa que ainda pode melhorar"

Acordo já atordoada, vamos a padaria? Não!!! Não quero sair da cama nem arrastada. Mas tamanha é a insistência que não tem outro jeito. Ao voltar, comi e lá estava eu de novo, pronta para dirigir. Fui ao encontro do barroco, mas vi mais que isso. Em seguida, lá estávamos, eu e minha prima, rindo, como sempre, e chegando com um bolo na mão, que por sinal tinha mais velas do que bolo. Fomos a casa de uma amiga dela, mulher de família pequena, mas que tinha simplicidade no olhar. Nós duas, eu e minha prima, mais o filhinho dela, éramos os únicos convidados para aquela comemoração inesperada. Foi bom ver um sorriso surpreso, e saber que fui parte contribuinte para que ele aparecesse. Em fim, vamos a saca da Paranguaba. Primeiro uma voltinha pela cidade com nosso amiguinho que estava apreensivo por estar no carro comigo dirigindo. E depois, eu e minha prima fomos para sua casa. Claro, uma merendinha primeiro, e depois, mais trânsito para irmos pro outro lado da cidade. A aula ainda nos esperava. Músicas do nosso gosto nos acompanhava pelo trajeto. Entro na faculdade animada. Uma aula cansativa, depois fotos, e pronto. O compromisso já estava terminado. Sorrisos colavam em mim. Pego minha companheira, e pronto, mais uma voltinha pela cidade, ruas até desertas, planos surgindo, idéias iam se formando, e já estávamos em casa. Comer é importante. Depois ela dorme e eu me encontro novamente com minha paixão resgatada, a leitura. Termino o livro que havia começado no dia anterior e meu interior já ganha crescimento. É tarde! Amanhã um novo dia, é preciso repouso. Espero que meu inconsciente demonstre-se favorável a mim. Ou seja, bons sonhos garota!

Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Redescobrindo..

Está começando hoje a revolução!
E como a cada passo novo, espero realização.
Palavrinha repetida, mas sincera.
Que eu seja picada a cada dia por esse mosquitinho que desperta o interesse por escrever e ajuda tanto a me compreender.
Por isso, digamos que, de agora em diante vocês terão o acompanhamento quase que diário de uma menina de 19 anos, às vezes mulher, certas horas crianças, e que como vocês vive conflitos pessoais, mas passa por muitos momentos animadores.
Sem mais enroladas, serei eu mesma. Um misto de prosa, poesia, com reggae, romantismo e frieza, curiosidade e conformação, cultura e aprendizado, busca e acomodação, certeza e dúvida, determinação e insegurança, confiança e medo, fidelidade e fraqueza. Enfim, o resto é acompanhamento para quem se interessar ou se identificar.
Que Deus nos abençoe.

Com prosperidade,
Luiza.

Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante