quarta-feira, 11 de março de 2009

LIZ DA PORTERINHA

Percepção

Espinho, espinho, espinho, uma rosa.
Silêncio, oscuridão, entretanto, reparo a lua.
Gente enjoada, desanimo, solidão, mas olha o sorriso ali.
Caspa, piolho, lêndia. A careca ficou moderna.
Plantei arroz
não cresceu
Plantei milho
logo morreu.
Mas bebi água do coqueiro!
Olhei pro lado e vi você dizendo,
nega, o que é isso? Não tô entendendo nada!
Deixa que eu te explico neguinho.
- três capins, mas um campo de futebol!
- As coisas estavam ficando ruins, mas você chegou!


Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Meu querer

Senhor,
Faz Teus sonhos serem semelhantes aos meus.
Sacia minha sede de realizá-los!
Sonha o sonho meu.
Com tua mão conduz meu olhar, a sensibilidade de ele precisa, que seja buscada em Ti!
Não esquece, iguala Teu sonho ao meu.
E só mais uma vez, te lembro, nosso inconsciente pode desejar a mesma coisa, então: realizá-o.
Que minha inquietação motive a concretização do nosso querer.
Eu te amo!
Luiza.



Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Lamentos

O carro parado na esquina do seu apartamento. Eu acompanhava os ponteiros a mais de 50 minutos. Porque continuar esperando? Será que não deu nada certo e descobriram o plano dela? Não dá mais. Corro pela ultima vez por aquele corredor. Agora eu não tinha mais nada, nem os sonhos ao lado dela, nem a oportunidade de refazer minha vida. Via logo adiante dois corpos sem vida. Meu espírito jazia junto aos deles.
Noites em escuro passo desde que fui condenado pela morte do meu amor e de seu oficial marido. Minhas esperanças se perderam naquela noite de domingo.
Eu sei bem que ele não resistiu perdê-la, nem mesmo para a morte. Decidiu-se por acompanhá-la até o último momento. Morrer foi a forma em que ele arriscou para uni-los. Já eu fiquei aqui, antes também tivesse sido carregado por ela, pela dama da dor.

Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Que tal mandar um currículo?

Que tal mandar um currículo?


Antes as meninas completavam 14 anos e já estavam praticamente entregues aos seus futuros maridos, sem nem mesmo conhecê-los, na maioria das vezes.
O tempo foi se modernizando e os pais já não interferiam mais na escolha dos filhos em relação aos seus parceiros, então cada um casava-se com quem queria. A porcentagem de casais que encontraram o divórcio como solução para seus problemas também aumentou.
Hoje, no século XXI, pessoas optam freqüentemente pela Internet para encontrar alguém que possam se relacionar. Conhecem virtualmente alguém e logo em seguida marcam um encontro.
O século XXI também é época em que a concorrência está cada vez mais acirrada. A eficiência da máquina surgiu como uma das principais concorrentes do homem, que hoje tem que ter domínio de pelo menos duas línguas estrangeiras, apresentar um currículo recheado e diferenciado para firmar-se no mercado de trabalho.
Mulheres, hoje, investem em rapazes estudados, apesar de sua autonomia intensificada. Homens, quando pensam em assumir um relacionamento sério - o que ficou ainda menos freqüente - procuram saber todas as atividades curriculares da mulher pela qual se interessam. Ou seja, as pessoas, em sua maioria, não estão escutando o coração em primeiro lugar, mas sim vendo o investimento futuro em que poderão fazer ao relacionar-se com alguém que apresenta características de um profissional bem sucedido.

Paulo: Olá, meu nome é Paulo, tudo bem?
Luana: Oi.
Paulo: Que curso você faz aqui na faculdade?
Luana: Medicina, e você?
Paulo: Engenharia Elétrica. Já ganhei um concurso apresentando projetos, acredito que estou na profissão certa para ser bem sucedido. Deu até para comprar um carro zero com o dinheiro dos prêmios. Você fala outras línguas?
Luana: Sim. Chinês, Inglês, Espanhol e Francês. E você?
Paulo: Eu também, mas ainda estou cursando o Chinês.
Luana: Que bom.
Paulo: A gente pode ir ao cinema qualquer dia?
Luana: Pode. Anota meu celular.
Paulo: Qual seu aparelho?
Luana: Por quê?
Paulo: Pra saber se você é realmente compatível comigo. Seu currículo está sendo aprovado. Só falta concluir nossa entrevista.




Luiza Machado Vasconcelos Matos Cavalcante

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Dolorosamente (parte 4)

Como a empregada só se deu conta que a filha mais nova do senhor também estava em casa horas depois do acontecido, ela também poderia ter alterado a cena do acidente, até porquê a menina diz que ao acordar e encontra-se com a doméstica limpando o banheiro, a mulher teve uma reação de susto. Então ela pôs-se a imaginar qual o motivo daquela reação. Mas a notícia de que seu pai estava ferido veio quase imediatamente.

O genro do idoso tinha conhecimentos criminalista e já havia trabalhado como detetive alguns anos da sua vida, então interessou-se pelo caso.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Dolorosamente (parte 3)

Os pontos, agora, colocados em sua cabeça fechavam à marca do acidente.
Ele não mais se recusava a falar sobre o acontecido, mas a verdade não parecia estar presente na descrição.
O senhor já idoso disse ter se cortado com uma faca que estava sobre o armário ao tentar pega-la para cortar uma fruta, pois tinha muita fome. Percebeu quando ela escorregara sobre sua cabeça, mas por causa do seu estado de sonolência, não deu relevância ao corte e voltou ao sono ainda com fome.
A doméstica da casa em que ele mora diz que quanto chegou, pela manhã, as 7h, reparou no rosto do seu patrão, assustou-se, mas não compartilhou o acontecimento com ninguém, pois julgava estar sozinha. Ela percebeu as marcas de sangue pelo quarto do senhor idoso e também pelo banheiro do closet, mas não registrou sangue pela cozinha.
As duas histórias não coincidiam.

Agora que já estava tudo remediado, os filhos do idoso não se conformariam em ficar sem respostas. Iriam até onde fosse preciso para saber de toda a verdade.